Motivação

“Se alguém diz que tem medo da morte”, escreveu o psiquiatra David Viscott, “na verdade está dizendo que teme não ter vivido sua verdadeira vida. Esse medo encobre o mundo num sofrimento silencioso.”

Quando o mitologista Joseph Campbell nos recomendou “Seguir nossa felicidade”,  muitos o interpretaram mal. Pensaram que significava buscar o prazer a todo custo, num hedonismo egoísta da geração do “eu”. Em vez disso, ele quis dizer que no intuito de descobrir como sua verdadeira vida deve ser, você deve procurar pistas em tudo aquilo que o faz feliz.

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O que o deixa mais empolgado? Ao responder a essa pergunta, você vai descobrir em que área pode prestar seus melhores serviços. Ninguém pode viver sua verdadeira vida se não estiver servindo outras pessoas, e também não pode servir direito aos outros se não estiver animado com aquilo que está fazendo.

Eu era diretor de criação de uma agência de publicidade e estava ganhando bastante dinheiro produzindo comerciais, numa rotina que incluía reuniões com os clientes e planejamento de estratégia de marketing. Podia ter continuado nessa carreira para sempre, mas meu medo terrível da morte me indicava que eu precisava mudar de vida.

“As pessoas que vivem intensamente não têm medo da morte”, disse a escritora Anais Nin. Eu não vivia dessa forma. E levei um bom tempo até conseguir responder o que me fazia feliz. Mas qualquer pergunta que fizermos a nós mesmos repetidamente  vai mais cedo ou mais tarde levar à resposta certa. O problema é que desistimos de perguntar.

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Felizmente, num caso raro de persistência diante do desconforto extremo, eu não desisti de perguntar. A resposta me veio em forma de lembrança – tão vívido que parecia uma cena de filme – de um fato ocorrido 10 anos antes. Eu dirigia à noite, mais feliz do que nunca. Na verdade eu estava dirigindo sem rumo, para manter aquela sensação de felicidade dentro do carro, pois não queria que nada a interrompesse. Foi tão profunda que durou horas.

Tinha acabado de dar uma palestra. Falei sobre minha recuperação de um vício. Eu tinha muito medo de falar em público e, para piorar a situação, estava com uma febre altíssima naquela noite, de modo que tentei cancelar a apresentação. Mas meus anfitriões fizeram questão absoluta de que eu falasse assim mesmo. Não sei como, mas acabei subindo no pódio e, talvez até mesmo por conta da febre, falei livremente, sem excesso de cuidados, censura ou timidez.

Quanto mais eu falava sobre me libertar do vício, mais empolgado me sentia. Minha criatividade decolou. Lembro que a plateia ria enquanto eu falava e que me aplaudiram de pé quando terminei. Foi a noite mais espetacular da minha vida.

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De alguma forma, eu havia tocado as pessoas de um jeito que jamais conseguira, e a expressão de alegria no rosto delas me elevou ao ponto mais alto a que chegara em minha existência até o momento.

Um dia, um dos meus maiores clientes na agência pediu que eu contratasse um palestrante motivacional para uma grande reunião que estavam fazendo com a equipe de vendas. Eu não conhecia nenhum bom palestrante no Arizona – os únicos que eu conhecia eram famosos nacionalmente, como Wayne Dyer, Tom Peters, Anthony Robbins, Alan Watts e Nathaniel Branden. Mas Alan Watts já tinha morrido e os outros provavelmente seriam caros demais para quela ocasião.

Então, telefonei para Kirk Nelson, um amigo meu que era gerente de vendas numa rádio local, e pedi uma indicação. “O melhor do estado é Dennis Deaton”, ele disse. “Ele está sempre com a agenda cheia, mas, se conseguir marcar, vai ser perfeito, porque ele é muito bom.”

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Consegui entrar em contato com Deaton, que estava em outro estado mas concordou em voltar para minha cidade a tempo de dar uma palestra motivacional de 45 minutos durante nosso café da manhã.

Kirk Nelson tinha razão. Deaton era excelente. Ele enfeitiçava a plateia ao contar histórias que ilustravam suas ideias sobre o domínio que as pessoas podem ter sobre sua própria forma de pensar. Quando terminou de falar e voltou à mesa onde estava sentado antes, eu o cumprimentei e agradeci, jurando a mim mesmo que um dia, em breve, eu estaria trabalhando com ele.

Pouco tempo depois, começamos mesmo a trabalhar juntos. Entrei para a Quma Learning, empresa de Deaton que oferecia treinamentos corporativos. Embora eu tivesse começado como diretor de marketing, criando anúncios, roteiros de vídeos e malas diretas, logo fui conquistando espaço e cheguei ao cargo de apresentação de seminários.

Minha primeira grande emoção na nova carreira veio quanto Deaton e eu fomos convidados a dar uma palestra numa convenção nacional de empresas de limpeza de carpetes. Foi a primeira vez que dividi o palco com ele, e eu deveria falar primeiro. Ele ficou na plateia enquanto me apresentei, e admito que nunca trabalhei tanto em minha vida quanto ao me preparar para esse evento.

Os participantes já haviam assistido a Deaton em convenções anteriores e o adoravam, mas não me conheciam. Ao final da minha apresentação, eles aplaudiram com entusiasmo e, quando passou por mim a caminho. Ele estava feliz pelo meu sucesso.

Muitas pessoas se confundem e acreditam que viver a verdadeira vida significa ter sorte e encontra um bom emprego em algum lugar com um chefe que as valorize. Mas acabei descobrindo que você pode viver sua verdadeira vida em qualquer lugar, em qualquer emprego e com qualquer chefe.

Primeiro, descubra o que o faz feliz e comece a pôr isso em prática. Se escrever o entusiasma a você não está escrevendo em seu trabalho, tome a iniciativa de redigir uma newsletter na empresa ou crise um website pessoal. Quando percebi que dar palestras e lecionar me faziam feliz, iniciei um seminário semanal gratuito. Não esperei até que alguém me oferecesse um trabalho.

Qualquer objetivo é obtido 10 vezes mais rápido se a pessoa estiver feliz. No meu treinamento de vendas, percebo que os vendedores felizes vendem pelo menos duas vezes mais que os infelizes. A maioria das pessoas pensa que os vendedores bem-sucedidos são felizes porque vendem mais e com isso ganham mais dinheiro. Não é verdade. Eles estão vendendo mais e ganhando mais dinheiro porque estão felizes.

A felicidade é a coisa mais poderosa do mundo. Dá muito mais energia do que uma xícara de café quente numa manhã fria. Inebria mais do que uma taça de champanhe sob as estrelas.

Se você se recusa a cultivar a felicidade em si mesmo, não será extraordinário no serviço que prestar aos outros e não terá a energia para ser quem quer ser. Não existe meta melhor do que esta: saber em seu leito de morte que você viveu sua verdadeira vida porque fez aquilo que o torna feliz.

Os dois lados do Cérebro

A melhor explicação sobre como o pensamento com “o cérebro inteiro” é superior ao pensamento apenas com o hemisfério esquerdo ou com o hemisfério direito do cérebro está no livro Frankenstein’s Castle (Castelo do Frankenstein), escrito pelo filósofo británico Colin Wilson. Ele revela que temos mais controle sobre a obtenção de energia vital e ideias criativas do lado direito do cérebro do que imaginamos.

E  o que mais estimula esse hemisfério é ter um propósito importante, um objetivo de vida. Se você precisasse atravessar a cidade carregando um pesado saco de areia, o lado esquerdo, lógico, de seu cérebro poderia se irritar e lhe dizer que você está fazendo algo chato e entediante.

No entanto, se seu filho tivesse se machucado seriamente e pesasse o mesmo que aquele saco de areia, você o carregaria por aquela mesma distância até o hospital com um arroubo repentino de energia vital (enviada pelo lado direito de seu cérebro). É isso que ter um propósito faz pela sua mente.

A automotivação se torna mais estimulando à medida que aprendemos a usar o cérebro inteiro.

Deixe seu cérebro inteiro brincar

O meu uso passivo do cérebro leva a uma vida de reação em vez de criação. Quando o escritor e médico Oliver Wendell Hol me disse que “a maioria das pessoas vai para o túmulo com sua música ainda dentro delas”, ele poderia ter dito que elas vivem apenas em seu lado esquerdo e racional do cérebro, presas nessa linha de pensamento linear e míope.

Se elas aprendem que o lado esquerdo está já para se conectar com o direito, então ele ganha uma nova força e uma nova fundo.